sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Segredo é Entender de Gente

Pois é, essa é a questão que envolve a maior parte dos problemas de escritórios de advocacias, na minha opinião. Ontem eu conversava com dois colegas e um deles, estagiária quase formada de outro escritório, reclamando da dificuldade da chefe em lidar com ela e impor a liderança, lançou: o problema é que advogado não sabe lidar com gente. Uai, como assim, não sabe? Advogado não é o artista das ciências sociais aplicadas, não ajuda a desenvolver a democracia, defendendo pessoas em suas relações, fazendo valer seus direitos?

Sim, mas o que essa colega quis dizer foi que a maioria dos escritórios de advocacia não sabe gerir os recursos humanos que tem. E eu concordo, precisamos aprender a fazer isso, valorizar mais essa questão. Muita gente pode ficar brava com o que estou dizendo, mas a verdade é que o jogo de vaidades pessoais e intelectuais, a competição para ver quem é o melhor advogado dentro de uma sociedade, com associados e colaboradores, é grande. E isso faz com que chefes e coordenadores não saibam administrar a própria equipe, no sentido dos recursos humanos mesmo. Acabam preferindo mostrar ao sócio que sabem mais e fizeram uma revisão incrível no que o advogado subordinado fez, do que enaltecer as ideias iniciais daquele mesmo advogado, que deram origem, talvez, à tese que o chefe apenas aprimorou ou mesmo construiu junto.

Isso faz com que uma imensa leva de advogados se sinta desestimulada dentro dos escritórios onde trabalham, preferindo evadir para aqueles que tenham maior cunho corporativo e empresarial, se lançar na aventura de abrir o próprio escritório, ou mesmo se acomodar na situação vivenciada, tamanha a pressão e a competição para mostrar a melhor tese, a melhor sacada jurídica.

É por isso que eu acredito fortemente na implantação desses conceitos de gestão de recursos humanos dentro dos escritórios. Eles podem, com isso, formar excelentes profissionais e qualificar sobremaneira o seu corpo de advogados. Melhor assim do que perder talentos né? Sobre isso, segue uma historia interessante do Max Gehringer, já conhecida por muitos, mas bem ilustrativa do que estou tratando.

http://engenhariadegente.com/2011/04/o-segredo-de-raul-por-max-gehringer-2/

Trata-se ou Tratam-se?

Na minha profissão, a gente convive muito com a leitura e a escrita; é constante, todo mundo sabe disso. Daí o senso comum de que advogado, juiz, promotor, etc., é um sujeito que entende muito bem da língua, já que a usa o tempo todo. Mas não sei não viu? Por exemplo: enquanto eu estava escrevendo essa frase aí, eu fiquei em dúvida se devia dizer "são sujeitos", por ter usado vários exemplos de juristas, mas preferi deixar "é um sujeito" mesmo, por causa do efeito que queria dar à frase e por estar me referindo à pessoa no singular, por mais que tenha dado vários exemplos.

Quer dizer, estou falando tudo isso só pra mostrar que, mesmo tendo um contato exaustivo com a língua portuguesa, mesmo sendo acostumada a redigir, criando textos e combinado argumentações o dia inteiro, a nossa respeitada classe (e quando digo classe, estou me referindo aos juristas em geral) comete muitos erros, alguns crassos, outros nem tanto. Um deles é tão recorrente e me causa tanto reboliço, que resolvi falar dele aqui.

Trata-se do uso do trata-se. Ou tratam-se das pessoas que usam tratam-se ao invés de trata-se, quando o objeto que vem depois está em plural. Entendeu? Ó, eu já dei a dica aí...

É muito mais comum do que se imagina ver excelentes tratados de direito, escritos por excelentes advogados ou juízes, em vários processos, contendo esse errinho danado aí. Então, é o seguinte:

A regra pra escrever certo essa expressão é aquela velha dica da professora da 5ª série: olha o sujeito! Na frase: "Trata-se de vários julgados que foram proferidos no mesmo sentido.", quem você acha que é o sujeito? ......(tempo)........ Os julgados? Daí, por isso você colocaria no plural? Nananinanão. O sujeito aí não é "os julgados", é aí que muita gente se engana. Não são os julgados que estão tratando de si mesmos. Não é um sujeito passivo pra atrair o verbo no plural. "Os julgados" é um complemento do verbo.

Então, quem é que está tratando dos julgados??


Não sei!! Isso mesmo! Tudo bem, na prática, quem está tratando, ou seja, se referindo aos, falando dos julgados é você que está escrevendo. Mas não é isso que eu quero saber. Na frase, quem é?? Eu não sei, você também não. Por isso, TRATA-SE DE SUJEITO INDETERIMINADO! E quando tratamos (olha eu mudando o sujeito da frase aí) de sujeito indeterminado, o verbo só tem duas opções: ou ele vai pro plural, como em "Bateram na porta, vai ver quem é."; ou ele fica no singular mesmo, acrescentando-se o pronome "se". Veja os exemplos que o Celso Cunha e o Lindley Cintra trazem sobre isso:

Ainda se vivia num mundo com certezas.
(A. Bessa Luís, OM, 296.)


Precisa-se de carvalho; não se precisa do caniço.
(C. dos Anjos, MS, 381.)
A Nova Gramática do Português Contemporâneo - 3ª edição

E, por último, mas não menos importante:

Trata-se de processos que se encontram encerados.

Olha aí um exemplo de sujeito indeterminado e sujeito passivo - voz passiva!! o "encontram" está no plural porque o sujeito é "processos"; são os processos que se encontram encerrados. Mas quem trata deles eu não sei. Entendeu? Então tá. Se ainda tiver dúvida, dá uma olhadinha nesses sites aí:

http://www.portuguesnarede.com/2008/06/tratam-se-ou-trata-se-de-pessoas-srias.html

Esse é melhor ainda:

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/tratam-se-de-acusacoes-ou-trata-se-de-acusacoes.jhtm


segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Millôr

Como diria o nosso inspirador Millôr Fernandes, a história dos países e das pessoas é ocasional. E eu digo que, sendo ocasional, é também irrepetível em seus detalhes que a fazem peculiar e importante. O que eu quero com isso? Sei lá...talvez só dizer em palavras bonitas que a gente precisa viver o momento porque ele é único mesmo. Mas entendo, cada um vive o momento do seu jeito. Ahhh como é difícil entender isso!!

Pra finalizar uma coisa tão miloriana, que tanto me lembra meu Tio Miro, nada melhor que o fragmentos do Millôr:

http://www2.uol.com.br/millor/

Poeminha sobre o mistério do tempo
O despertador desperta 
Acordo com sono e medo:
Por que a noite é tão curta
E fica tarde tão cedo?

Sauna - Prova de que sexo nem sempre é coisa suja. 
Erotismo - Coisa que os diretores de novelas pensam que põem nas cenas eróticas.

Strip-tease - A prova definitiva de que sexo é um ato espiritual. 
Promiscuidade (III) - Só existe quando uma mulher - homem não! - perde a conta do número de parceiros. Por isso é que os japoneses, no século XII, aperfeiçoaram o ábaco. 


Ps.: Pra quem não sabe, como eu não sabia, o que é ábaco, mais ainda, o que é um ábaco japonês:

http://www.sorobanbrasil.com.br/materiais/38-tutoriais/65-o-que-e





terça-feira, 3 de abril de 2012

E por falar em sexo...

Declaração de, pasmem, um bispo católico:

É necessário um novo estudo "de tudo que tem a ver com esfera da sexualidade para melhorar o ensino na igreja em matéria de relações tanto hetero quanto homossexuais". Na verdade, "todo o ensino que disciplina todas as relações de tipo sexual devia ser atualizado, porque o sexo é uma modalidade importante para expressar o amor entre duas pessoas".


http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=427380

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Assexuados

Interessante, muito interessante este ponto de vista aí. Aliás, com a publicação dessa reportagem, penso que deve ter muita gente por aí se sentindo aliviada por vislumbrar o começo do fim da história de se sentir doente por não gostar tanto assim da coisa...ahh se a moda pega!


Olha esse trecho do post no blog abaixo:

Outra característica da sexo-sociedade é a prática da confissão. Para o filósofo francês Michel Foucault, a confissão é um mecanismo utilizado não somente para a “produção” da verdade, mas também para a “correção.” Por meio da confissão unilateral de nossos sentimentos mais íntimos para os outros – sejam eles amigos, psiquiatras, psicólogos, médicos, professores, padres, repórteres – não só fornecemos detalhes pessoais de nossa vida para o consumo alheio, mas também verificamos o quanto nosso comportamento está em conformidade com o que é considerado normativo.