quinta-feira, 10 de março de 2016

Texto de fim de ano, quase chegando no meio...

Lá vai o meu textão... Sobre a coragem e vontade de compartilhar sentimentos com a comunidade. Não, não é exposição barata. 😉
Então, em 2015 eu me perdi. Esse é o melhor resumo da retrospectiva. Mas foi um perdido daqueles em que cada momento é um achado, encontrado, observado, digerido e lapidado. Foi um perdido daqueles que a gente dá quando se vê livre de imposições externas, que sempre nos balizaram e que, também, sempre serviram de arrego da culpa e responsabilidade. Afinal, com imposições externas a gente está livre do peso da decisão. Alguém decide por nós, mesmo que não seja o melhor, mesmo que a gente finja que a decisão foi nossa. Aí fica muito fácil, embora pareça difícil.
E aí a gente retroalimenta esse processo de tal forma que, quando ele se interrompe, é como se o chão fugisse e a gente tivesse que fazer malabarismos pra sobreviver. Afinal, todo o universo com o qual eu estava acostumada (ou pelo menos a estrutura emocional dele) se foi. E, por causa disso, todos os outros limites e parâmetros foram junto com ele, simplesmente porque eu não sabia mais o que eram os meus próprios limites.
Me perdi, então, até encontrá-los aos poucos. Me tomei da ansiedade de mostrar ao mundo todo o feminismo que eu reconhecia em mim, pra garantir que eu não tivesse mais que suportar atitudes machistas, principalmente as veladas. Me tomei da dificuldade de trabalhar, afinal, como é que você se concentra com tantos eventos, amigos novos, experiências novas que você precisa refletir se estão no seu limite interno ou não? Experiencias profundas, cuja reflexão não leva dois minutos apenas... Momentos de letargia em que você simplesmente não consegue se levantar. E aí, comecei a ver estremecida uma área da minha vida em que nunca tive dificuldades. Que susto! Me perdi...
Mas, ora, eu precisava viver isso um dia, todo mundo vive! Nesse turbilhão de escolhas, dificuldades, noites mal dormidas, farras, trabalho mecânico de cabeça cansada, tristeza, euforia, me envolvi com algumas pessoas e cada uma delas me ajudou a crescer um pouco no que sou e quero ser numa relação. Foram transições importantes de maturidade e consciência. Estava perdida, mas aprendendo, observando, deixando ser.
Novas amizades se estabeleceram e foram alicerces essenciais nessa reconstrução. Tanto que ficarão pra sempre, tatuados, sensatizados em mim. Tanto que precisei tomar cuidado em algum momento pra não substituir aquele lugar de controle e dominação que havia desabado (graças a Deus). Me perdi... Mas me achei aos poucos com a verdadeira e genuína vontade desses amigos, que me viram como parte deles e me resgataram, com amor, honestidade e consciência. Vocês sabem de quem eu tô falando.
Acontece que meu ano foi acabando muito bem. Eu, caçadora de mim, fui me achando em surtos de cansaço (do trabalho e da vida que tava levando) e percebendo que meu corpo e mente não dão conta de tudo isso. Tive oportunidade de reviver experiências antigas, que me lembrei que me davam força e prazer, energia pra batalha seguinte.
E resolvi firmá-las pra 2016. Passei o reveillon em casa, com uma dessas fontes de energia pra qual eu nunca tinha olhado dessa forma. Sempre achei que elas me demandavam muito, mas nunca percebi o quanto me renovo com essas minhas meninas. Minhas amigas que, hoje, me confidenciam segredos, talvez por perceberem que a menina delas cresceu, se perdeu, mas fez disso um aprendizado grande de si mesma e do outro. Maturidade. Eu me perdi, mas tava era vivendo o caminho, a travessia, onde o real pra gente se apresenta. Então, não me perdi foi nada!
Eu atravessei o mar e cheguei à outra margem do rio em que ele se transformou, caudaloso, agitado, fundo e turvo. Fui parar num ponto da margem que não era o que eu via do lado de lá. Mas é assim o perigoso do viver né?
Preciso, então, dizer que sou grata. Não foi a sua ida que me desestruturou não. Ela só me mostrou como a minha vida estava fundada em bases frágeis de imagens, fantasias, show me up. A reconstrução do meu ser não tem a ver com o universo que se foi, mas vai muito além disso. É sobre mim e tudo que é importante pra mim. Sendo assim, sinto muito, me perdoa, eu te amo, sou grata.
Pra 2016?
Coragem pra dizer e mostrar quem eu sou em todas as minhas diferenças, sem ter medo do que vão pensar de mim. Meus amigos (todos muito diferentes entre si) estão comigo porque são especiais e me amam como eu sou.
Movimento pra sair da inércia e vencer a preguiça de andar na vida, no Chico, nos patins.

E serenidade pra vencer a ansiedade de mostrar que eu sou mais do que pareço ser e deixar que isso se revele assim, aos poucos, como deve ser. Se eu me perder de novo, terá sido mesmo a correnteza do rio, porque consciência e conhecimento de mim eu tenho suficientes pra saber como devo proceder e pra aprender mais, caso algum procedimento desses não dê certo. Então, amigos, não é 2016 que vai ser melhor, serei eu.