quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Desapego

Eu fico longe, me esqueço daqui, a vida me leva e a quantidade de compromissos e mudanças constantes me envolvem. Este ano, então, nu!! Muita coisa mudou e varias transformações germinadas ao longo dos últimos anos finalmente aconteceram. Depois escrevo um post sobre isso, esse vai demandar mais tempo e concentração.

Quero falar agora é sobre algo que desejo fazer também há alguns anos, mas que nunca tive empenho ou decisão suficiente pra fazer: ficar um tempo sem comprar roupas. Certa vez (ano passado, acho), me propus a ficar 6 meses, pelo medo de realmente precisar de algo e acabar quebrando a proposta. Só que, em algum momento, isso se perdeu e eu nem sei mais se deu certo ou não. Fato é que comprei roupas. Não consegui cumprir o propósito, mas pelo menos fiz outra coisa muito boa: me desapeguei de varias peças de roupa e tenho tentado viver cada vez mais com menos, com o que é essencial e de que realmente preciso. Com isso, óbvio, acabo comprando menos e com mais consciência. Mas ainda falta muito pra eu chegar onde gostaria.

Ainda tenho muita roupa que não uso, ou que não me serve mais. No meio desse processo, aliás, eu engordei uns 10 quilos. Custei a acreditar quando me dei conta, mas fato é que, nos últimos 5 anos, foi isso mesmo que cresci no corpo. E, com essa engorda toda, veio também um processo profundo de autoaceitação, de reconhecimento e de empoderamento. Aprendi a me amar, a ter carinho comigo e me olhar com cuidado e afeto, coisa que eu não fazia nem 10 quilos mais magra, quando, em tese (pra esses padrões aí) eu era mais “bonita”. Tudo isso aconteceu sem muita relação consciente entre uma coisa e outra, mas olhando pro processo hoje, vejo que essas mudanças todas compõem um sistema maior, universal e conectado de modo de viver que eu venho buscando e criando pra mim. 

Logicamente que o modo de me vestir e me relacionar com as roupas tem a ver com tudo isso. Seja por questões de escolha de consumo consciente e desapego, seja pelo fato objetivo de muitas roupas não me servirem mais, fui me desfazendo de muitas delas, com compreensão e gratidão por elas terem me servido por um tempo e dito às pessoas muito sobre mim, sem que eu precisasse falar. Mas ainda tenho muitas roupas, das quais não me desapego ainda pela ideia de que vou conseguir emagrecer e voltar àquele corpo de 5 anos atrás. Ora, não preciso trocar meu guarda-roupas, preciso emagrecer. Estou dizendo isso há um ano, mas recentemente me ocorreu o seguinte: e se meu corpo tiver realmente mudado depois dos 30 e não tiver mais nada a ver eu pesar aqueles 65 quilos e vestir aqueles shorts que não passam da minha bunda? E se esta for realmente a Isabelle de hoje, com este corpo e toda essa bagagem que ele carrega e representa? 

Talvez eu precise mesmo só de alguns shorts novos, de continuar cuidando de mim com uma alimentação consciente e com exercícios prazerosos e seguir na coisa de aceitar que tudo muda e tudo bem. Quem sabe ano que vem eu não consiga então não comprar nenhuma roupa? Até o fim do ano eu decido...

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Agora eu quero ir

Como é esse processo em que a gente mergulha na pessoa e no relacionamento e acaba se esquecendo um pouco de si? o Seu eu já não faz mais tanto sentido sem o outro e tudo que você faz o considera, ou lembra. Você faz coisas sozinha, com os amigos, sem ele e é maravilhoso! Mas agora ele tá sempre ali, como uma presença, uma lembrança, parte de algo que você deixou em casa, mas daqui a pouco vai lá reencontrar.

Tá errado isso? Parece que sim, quando você percebe que esse outro não tem a mesma forma de te colocar no dia a dia dele. Quando ele só se lembra de você de manhã e de noite, ou quando não te inclui nos planos dele pra se divertir. Ele está com você, mas só nos "dias certos". É como se existisse um código: nosso momento é final de semana, fora disso, é excepcional a gente se ver e falar. Porque o outro vive este outro relacionamento. Este, supostamente leve, supostamente espontâneo, mas que pra você soa como outro relacionamento.

Você está colocando os carros na frente dos bois, pulando uma etapa, adiantando as coisas. Mas, espera...que etapa? Que coisas? Existe um plano? Eu não sabia... talvez exista, mas eu não fui incluída nele. E aí é como se eu tivesse avançado o sinal e precisasse dar uns passos pra trás, pra poder andar junto. Senão, desanda.

Como é que eu faço?

Este parece um discurso do ego. É do ego eu querer receber do outro o mesmo que eu entrego, querer ser amada da mesma forma como eu amo. Pra ficar em paz, eu deveria apenas sentir o amor como ele é e deixar fluir... mas agora tô confusa. Onde entra a parte do cuidado com o outro e dos esforços para a construção de um relacionamento que cultive aquele amor? Porque relacionamento é de dois, não basta um estar confortável e tranquilo.

Como é que eu concilio isso? Non sei.