terça-feira, 30 de março de 2010

Nonada

"Nonada! Tiros que o senhor ouviu foram de homem não, Deus esteja."

É assim que começa o explêndido Grande Sertão:Veredas. Quem leu o Blog todo já deve ter percebido que eu sou fã desse livro, tem citações dele pra todo lado! E, lógico, em um singelo post eu nem sonho em fazer uma análise acurada dessa obra tão intrincada, de jeito nenhum! Mas é que recebi um e-mail do dicionário Aulete ontem e a palavra do dia era, advinhem: nonada! Aí, me lembrei de um ponto particular em meio ao emaranhado de teses, viagens linguísticas e psicológicas desenvolvidas pelo Rosa, na boca de Riobaldo.

Nonada, além de representar com maestria a oralidade do livro, que vai se desenvolvendo ao longo da anacrônica trama, quer dar um sinal de que a viagem que se inicia vai buscar significados e entendimentos no meio do nada, do vazio total, para daí se construírem os sentimentos e verdades humanas. Nossa, parece complicado filosófico, mas é o que eu entendo... Olha só a definição do Dicionário Aulete para a palavra:

NONADA

O substantivo feminino nonada é a palavra que abre o romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, constituindo sozinha sua primeira frase. Nonada é formada pela junção de 'não' e 'nada'. Assim sendo, o emprego da palavra pode ser um indício do autor para o seu processo de criação ex-nihilo (fora do nada).

>> Definição do iDicionário Aulete:

(no.na.da)
sf. 1. Insignificância, bagatela, coisa sem valor. [F.: não + nada, seg. o mod. erudito.]

Tem muito mais para se pensar sobre as Veredas do Rosa, de vez em quando eu vou postando aqui algumas viagens dele, que vão desde a linguagem pura até a mais profunda filosofia. Só não podemos esquecer que viver é muito perigoso! Que o diga Riobaldo...

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