terça-feira, 13 de abril de 2010

Solidão e Companhia

Ontem, enquanto eu assistia ao Chico Xavier, no cinema, me imaginei velha, sozinha, cuidando de uma casa vazia, porém limpa e iluminada. Todas as pessoas que mais amo e vou amar já haviam morrido, ou então seguiam suas vidas, com suas próprias famílias e filhos para cuidar.

Eu já tinha educado meus filhos, feito grandes trabalhos na advocacia, dado excelentes aulas nas faculdades de Direito e até escrito bons livros na minha especialidade. Enfim, já estava no fim mesmo. Velha e só.

Mas, de repente, alguem bate à minha porta e eu, com a solicitude e receptividade de sempre, fui abrir, na esperança de ser alguém para conversar, alguma visita para um café e bolinhos de chocolate. Para minha maior surpresa, era meu afilhado, o Marcus Vinícius, filho do já falecido irmão do meu ex-namorado.

- Oi Madrinha! Como vai? Vim passar uns dias com a senhora, posso? Na verdade, estou solteiro há muito tempo, estudando bastante. Posso ficar para cuidar da senhora?

Que alegria invade o meu coração!! - Não, meu filho, não faça isso, você tem a vida toda pela frente! Apesar de eu precisar de companhia e estar incrivelmente feliz com a sua oferta, não posso lhe dar tal responsabilidade!

- Tudo bem, tia, não é responsabilidade, é só companhia, também estou precisando.

Pensar que sempre vai existir alguem para cuidar de você, não importa quem, é um alento para continuar vivendo e lutando, sem medo, sem fraquejar. Mas é preciso ser bom para os outros, tirar a solidão de alguem, fazer companhia, ainda que de vez em quando.

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